15 de outubro de 2018

Uma viagem "à terra"

Eu ainda sou do tempo em que fazíamos viagens "à terra" na minha infância. Como os meus pais não conduziam íamos com os meus tios e primos numa viagem que durava várias horas, ainda que o destino final fosse a 150 km de Lisboa. Mas os tempos eram outros... estradas nacionais, carros pequenos e com lotação em excesso... impensável nos dias de hoje. Com a morte dos meus avós deixou de fazer sentido ir "à terra" nos feriados principais ou nas férias. Depois os netos (onde me incluo) cresceram, criaram família e as idas tornaram-se muito esporádicas. Tão esporádicas que com 10 anos a Leonor nunca tinha visitado a terra dos bisavós... imperdoável! Como tempo é algo que que agora me sobra, resolvi organizar a viagem. Falei com os meus pais e tios e ficou tudo combinado para o fim de semana grande. Afinal era apenas uma viagem de hora e meia e as casas (velhinhas) estavam arranjadinhas, apenas à nossa espera. 
Mas como tradição é tradição e a ideia era recriar uma das nossas viagens de infância... na véspera ficámos sem carro. Alugar um carro de 7 lugares em menos de 24 horas tornou-se uma tarefa impossível e a solução foi amontoar a família e a tralha no carro da minha irmã. Um carro de "90" e poucos, século passado. (Hei, levamos mais um carrinha porque isto de segurança rodoviária é assunto sério). Aconchegadinhos, em comitiva e devagarinho lá rumámos a Tomar. Como nos velhos tempos, demorámos uma manhã inteira a lá chegar e eu não consigo explicar a felicidade que senti.Uma felicidade pouco partilhada pelo marido e filha, é certo, que me perguntavam baixinho onde era o hotel mais perto... mas é preciso dar-lhes tempo. Há coisas que têm que se entranhar primeiro.

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