11 de outubro de 2019

Outras vadias

Cada vez mais consciente do seu corpo, a minha pequena adolescente vai ganhando asas e alento. As nossas manhãs são agora muito diferentes. Acorda muito antes do meu despertador tocar para experimentar roupa, enquanto a que foi escolhida na véspera fica ao fundo da cama num molho amachucado. Fica a mirar-se ao espelho durante o que me parecem "horas". Leva outras tantas a cuidar do cabelo e o pequeno-almoço é o nosso momento, quando consigo que ela se sente à mesa.
Ser mãe de uma adolescente é por vezes desesperante mas também tem coisas giras. O que torna este processo mais difícil é, confesso, a dificuldade que tenho em largar o controlo e pô-lo nas mãos dela. Ainda que isso seja crucial para o seu crescimento e para a sua emancipação. Por exemplo, ainda ontem à noite perguntou-me se podia levar calções e uma espécie de crop para a escola. Respirei fundo e calmamente perguntei se não achava que estava frio (sim, porque no oeste isto já arrefeceu). Desvalorizou. E eu dei-lhe a autorização mas... atentem ao mas... desde que ela achasse que a roupa estava bem para a escola porque, expliquei, temos que ter noção do que é o decoro, de nos protegermos e também de respeitar o espaço escolar. Afinal, uma coisa é irmos para a praia outra é irmos para a escola. Foi um belo monólogo de 5 minutos, que ela resumiu numa frase "não é para me vestir como uma vadia, certo?". Vêem como elas sabem!! Hoje vestiu jeans e uma camisola/crop por auto-recreação e eu suspirei de alivio. Se ela tivesse escolhido a primeira indumentária eu também não teria dito nada porque acima de tudo temos que respeitar as escolhas deles (ainda que ficasse com um nó na garganta e vontade de chorar).

Recomeços vadios

Por vezes, dou por mim a vir aqui abrir a caixa de texto, a escrever algumas palavras para depois logo a seguir apagar ou guardar rascunho. Rascunhos esses que depois deixam de fazer sentido e  são eliminados. Tenho saudades de ganhar a vida a escrever, escrever coisas sérias, de me identificar com um projecto de corpo e alma e dar o litro por ele. E isto tem sido um problema nestas andanças de procurar trabalho, porque o meu rosto é um espelho e quando não gosto, não gosto mesmo e a coisa corre mal. Mas nesta última semana senti que encontrei um projecto, com o qual me posso identificar e agora há o medo que eles, do outro lado, possam não ter sentido o mesmo...ahh os amores não correspondidos!
  Enquanto isso, outras ideias vão ganhando forma, porque parar é morrer e eu tenho-me sentido assim um pouco.. como direi... morta por dentro... (isto é um exagero alimentado pelo tempo frio e cinzento aqui do oeste).A verdade é que este último ano tem sido um mix de sentimentos. Gosto de ter tempo para a minha piolha, gosto de auxiliar na empresa do marido... mas a minha pequena adolescente quer-me ver a milha de distâncias da escola e das amigas... e a empresa do marido... lá está, é do marido e sinto como se me estivessem a dar uma esmola.

Bom, vou ali carregar no botão publicar para não desperdiçar a prosa. 
 

Vida minha!

Oizinho...

 Uma pessoa tá mais de um ano sem pôr aqui os olhos e quando dá aquela vontade de voltar, o google faz-nos rever perfil e outras coisas que ...