Nesta busca por um novo emprego há um elemento que me faz sempre parar e pensar: a carta de motivação. Tenho o CV preparado, actualizado e pronto para enviar mas não sou capaz de fazer uma carta de motivação genérica sem colocar meia dúzia de banalidades. Banalidades que são verdades, mas que não me diferem da concorrência. Já o que não é banalidade e me difere também não me torna elegível... experiência a mais, idade a mais (realy?!)... por isso demoro sempre um certo tempo a responder. Algumas são difíceis de escrever, sinal que não seremos um perfect match, já outras são escritas mais com o coração do que com a razão... como esta:
«“Mata. Depois fazemos outro.” Há palavras que nos ficam
gravadas na alma para sempre. Há uns anos tive o privilégio de entrevistar uma
extraordinária contadora de histórias moçambicana, a propósito do lançamento de
uma sua obra. Falámos de guerra, das mulheres, do que sofrem e do que fizeram
sofrer, das batalhas e dos pesadelos que se travaram e ainda se travam. Entre
muitas histórias de horror uma chocou-me em particular. Antes de uma ofensiva
as guerrilheiras que carregavam os seus filhos muito pequenos sabiam o que
tinham que fazer para não pôr em causa a missão: “mata. Depois fazemos outro”. Esta
entrevista foi há alguns anos mas em muitas partes do mundo podia ter sido
ontem. Frágeis, as crianças são quase como ‘descartáveis’, não só em situações
de conflitos armados mas também na miséria e na pobreza. E é por elas que temos
que lutar.
Ao longo dos anos assisti, e fiz notícia, do trabalho e dos esforços
desenvolvidos pela UNICEF. Dos seus números, das suas acções e do impacto que
têm no dia a dia e no futuro de novas gerações. Se há histórias que merecem ser
contadas são estas para sensibilizar quem não conhece, para honrar quem trava
estas “batalhas” mas também para lembrar quem as perdeu. Hoje temos “armas”
poderosas para chegar a mais pessoas, para passar a mensagem, para mobilizar e
passar à acção.
Para mim seria uma honra contribuir e trabalhar
convosco. O meu curriculum resume um pouco da minha experiência profissional e
da minha formação, espero que as mesmas vão ao encontro do que procuram.»
Se calhar quando conseguir escrever uma Carta de Motivação em condições contratam-me!